O caminho pode ser o Conselho Consultivo

Roberto Gonzalez

Um dos diretores de uma empresa, em passagem pela cidade de São Paulo, em um almoço com um amigo executivo de uma outra companhia, ouviu falar sobre Governança Corporativa.

Ele, se interessou muito pelo tema e deu uma pesquisada sobre o assunto e quando voltou à empresa falou para a Diretoria todo animado sobre a Governança Corporativa, o Diretor-Presidente, separou um tempo na agenda da próxima reunião de diretoria para ele fazer uma explanação sobre o tema.

No dia o Diretor todo animado expôs tudo que tinha aprendido sobre governança, mas quando o slide abaixo foi apresentado…. Uma angustia e mal estar na sala de reuniões se instalou.

 

Naquele momento, o Diretor-Presidente solicitou a palavra:

– Caros, hoje nos da diretoria somos subordinados diretamente aos Acionistas, que estão representados neste slide pela Assembleia. Agora vejo que entre nós é eles teremos um Conselho de Administração, ele fará o que?

O entusiasmado Diretor respondeu que a diretriz do caminho para onde a empresa iria seguir traçado pelo Conselho de Administração, ou seja a estratégia estaria sob responsabilidade deste orgão. Ele aprovaria a estratégia e a Diretoria a implementaria. E acompanharia todas as ações da Diretoria para verificar se estão enquadradas no que foi deliberado.

O Diretor- Presidente pergunta: – E quem fará parte desse Conselho?

O Diretor responde que pelas boas práticas de Governança sua composição deveria ter membros independentes, sem vinculo com a empresa.

Nesta hora alguns membros da reunião só faltaram ter um ataque cardíaco.

O diretor-Presidente solicitou a palavra para dizer: – Quer dizer que alguém que não esta envolvido com o negócio, não nos conhece irá participar e decidir sobre o nosso futuro e ainda por cima nos fiscalizar? Ele mesmo respondeu: – Aqui jamais.

Ele deu por encerrada a explanação sem deixar que o Diretor comentasse sobre os outros órgão como o Conselho Fiscal.

Bem, tirando um pouco a dramatização essa realidade eu já vivenciei, em empresas de controle familiar ou de controle de uma organização do terceiro setor ou assemelhado, como uma Fundação ou Cooperativa. Acostumados a dialogar entre eles mesmos a anos ou as vezes a décadas, e com a empresa tendo uma boa história para contar no mercado, é difícil convencer a equipe atual da gestão, que com pessoas externas a organização com experiência em outras especialidades e conhecimentos, teriam muito a contribuir à empresa.

Uma das formas que percebi contribui como uma fase de transição para no futuro uma possível instalação do Conselho de Administração é o Conselho Consultivo.

Imagine nosso diretor acima apresentando à Diretoria o seguinte organograma no slide:

 

Com certeza seus pares perguntariam à ele: – O que é esse Conselho Consultivo?

E ele provavelmente responderia: – Ah! constituiríamos esse Conselho presidido pelo nosso Diretor-Presidente, com profissionais do mercado com especialidades que não temos aqui e uma visão independente da nossa realidade corporativa, eles estarão no Conselho para aconselhar nosso Diretor-Presidente.

Provavelmente a reação de todos na sala de reunião teria sido outra.

Então como implantar o Conselho Consultivo?

Mesmo sendo um órgão de aconselhamento sem deliberação é recomendável que sua existência esteja no Contrato ou Estatuto Social, inclusive com a periodicidade de suas reuniões que podem ser a cada 30 dias ou com intervalo de 45 dias.

Este conselho receberá previamente antes da reunião o material sobre a realidade da empresa, avaliará e dialogará sobre seu futuro. sempre tendo em mente as melhores práticas para administrar a empresa, a organização amplirá seu networking no mercado e melhora inclusive seu relacionamento com diversos públicos, por exemplo as instituições financeiras . O Diretor-Presidente teria a autonomia para implantar ou não, as sugestões, aconselhamento, recomendações… do Conselho Consultivo.

A historia prova para mim que passado algum tempo, a instalação do Conselho de Administração é algo natural e espontâneo.

É ai, vamos começar a implantação do Conselho Consultivo?

[Publicado no portal –  Vem pra Bolsa da B3, em abril de 2017, Escrito por Roberto Gonzalez]

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